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Showing posts from June, 2015

NO CÉU ROSA DAS MUCOSAS

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Mesmo que falhe o amor é amor humano como a traição dos olhos mesmo que talho amor será corte e cura loucura que liberta a razão  e lança a alma no mar e o corpo no fogo amar é o incêndio das águas que nascem livres no céu rosa das mucosas e lavam a sujeira da mente e levam a consciência pra longe demente o homem que não ama e adoece na cela do seu desespero esperar é unguento que sara os saaras do medo. . (RaiBlue)

PRAZER MALDITO

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Quero enterrar-te fora da minha carne como esse cigarro que abandono na esquina de um inverno rigoroso à abstinência exposto dos tragos e dos estragos de ti tenho que sentir a dor rasgar os meus pulmões e que as lágrimas lavem a nicotina do vício de te ter impregnado por dentro como um veneno que me davas disfarçado de absinto pra não te ver bandido matando-me de um prazer maldito e depois lambendo o sangue nos dedos como um ritual de amor (mortal) . (RaiBlue)

IMPERMANÊNCIA

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Os sulcos cortando a face  com a foice do tempo preenchimento, preenchimento e a erosão continua por dentro porque nada preenche os dias desperdiçados nos terrenos baldios da carne e o corpo vazio é uma vala de levianos gozos  que toda noite se abre  para morrer um pouco mais vestido com a ilusão de uma beleza rasa rasgando as meias em ocas bocas passa na impermanência vaza nunca passeou pelo peito nunca provou um coração inteiro segue estéril e inquilino do mundo sem nenhum poema de amor tatuado no pulso . (RaiBlue)

LIXO ARQUEOLÓGICO

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A dor coagulada no peito lixo arqueológico  de restos impregnados nos ossos ferrugem blindando o corpo no gris dessa tarde que manca e corta lentamente o céu de chumbo pesa nos ombros o tempo paralisado  nos vãos dessa cidade que sou em vão caminho pelas ruas do esquecimento que dão na superfície da pele alva (poema mudo estirado no chão) há um silêncio de pedra em cada poro fechado tuas mãos ainda seguram minhas ancas (como um diabólico pacto) a obsessão habita meus becos Baco ri da minha submissão em meu gozo masoquista a dor goza de mim minha ira é um Irã sem bombas não consigo te destituir de minhas terras. . (RaiBlue) https://soundcloud.com/raiblue-sales/lixo-arqueologico

ORGALHAÇOS

Um poema do meu amigo Alexandre Souza da Conceição, recitado por mim.     https://soundcloud.com/raiblue-sales/orgalhacos

SUAVE E TINTA

Meu poema musicado pelo cantor e compositor Aquino Mustafa, meu grande amigo! Gratidão eterna! https://soundcloud.com/aquino-mustafa/suave-e-tinta

SE DER AMANDO

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. Minha mente é um escuro sem contorno noite se derramando se der amando a mando do coração (na contramão do escuro) estou. . (RaiBlue)

PONTUAÇÃO

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Se tua boca percorresse o meu corpo verias com quantos sinais se faz uma língua (compor um poema). (RaiBlue)

FERRUGEM

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Esculpe em meus ossos o teu verso  porque, meu bem, o mundo é perverso é preciso tutano é preciso ser tanto(s) (e pouco existir) é preciso fugir fingir passos e pressa da ilusão, compressas para baixar a febre do vazio vazar em outra boca na ânsia louca   de ser qualquer coisa que invada cresça e não passe se fixe como ferrugem a saliva no osso. . (RaiBlue)

NUS DEDOS DA NOITE

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Não sei se guitarra ou violino a noite me toca com seus longos dedos e eu (solo) minto engulo o gozo engasgo com teu nome (que não digo) pinga no lençol uma letra (tua inicial gruda em meu clitóris) não há como escapar esquecer  só se trocar de pele despejar-se de si reerguer das ruínas do corpo um país novo. . (RaiBlue)

ÁRIDA PAISAGEM

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Árida paisagem teus olhos árias que meus ouvidos não alcançam se cansam da dúvida do tempo essas nuvens esparsas sobre o sol maior  que atravessa o meu corpo queria dissolver teus icebergs te dando a minha pele como re pouso ver teus olhos desertos encher de estrelas deitados sob a noite mais acesa~ como quem escreve um poema de Cortazar  na minha coxa esquerda  e deixa escorrer como lava acordando as terras de dentro até o amanhecer rosa  das mucosas e entre as dunas dos meus mamilos ver o dia acordar nos teus olhos (não mais sozinhos) . (RaiBlue)

SEDE

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Macia  como o cio das horas quando o escuro cresce a boca pede mais um gole sede a língua cede a outros dialetos buscando oásis . (RaiBlue)

ILHA NO MEIO DA URBE

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Nas primeiras horas o céu rosa mucosa se confunde com tua pele exposta à minha língua o dia nasce à míngua sem pressa nem por que só lá fora há velocidade carros e relógios disparam o tempo e nós dizemos parem os ponteiros aqui onde a fumaça desobstrui os poros a fogueira dos corpos queima o caos do pensamento somos uma ilha no meio da urbe  éden idílio idioma criado pelo atrito  (das carnes nuas) algo que flutua sobre o abismo do asfalto da janela do quarto o amor escorre sobre o abandono das ruas. . (RaiBlue)

PRESSÁGIO

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A noite caindo no peito às vezes Blues  às vezes beijo uma gaita distante a tocar Dylan um jeito doce  de te sentir aqui sempre como relampejo  presságio ensaio da melodia que seremos quando enfim nus tocarmos (uma canção pra acordar o amor) . (RaiBlue)

SUAVE E TINTA

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Atravessa-me a tua quentura como um vinho que se toma na taça da boca assim tua língua me toca: suave e tinta e me desloca pra tua cama hoje eu vou re(x)citar versos em teu ouvido (deixe teu corpo aberto à minha ânsia) e me ama  antes que o dia amanheça . (RaiBlue) https://soundcloud.com/raiblue-sales/suave-e-tinta

PALAVRAS GOZADAS

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Mãos agitadas digitado o amor masturba palavras até gozar um poema. (RaiBlue)

FOME

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Antropofágica minha língua devora teu melhor poema: em carne viva. . (RaiBlue)

ÁRIDO SAARA

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Esmurro o ar que me sufoca com teu cheiro um jeito estúpido de respirar depois da morte quem dera a sorte de não mais voltar de ficar em outro plano (de alguém que me roubasse de mim e me desse um outro cotidiano) mas aqui tudo é replay  o filme não roda a mesma cena fixada na aorta a mesma sina de te ver partir depois do amor sujar tua camisa branca com o carmim da minha boca fugitivos teus olhos escapam deixando todos os pássaros no meu corpo (e gaiolas no meu coração nebuloso) tua ausência me aprisiona a um agora imóvel e mortal árido Saara meus olhos secam cega toda paisagem é silêncio o que fazer com tantas asas se só com você sou queda-livre? . (RaiBlue)

PERDIDA ESTRELA CADENTE

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Danger : Há um estranho em meu corpo (aviso) Improviso outros risos rastros restos Eus abstratos no meu nada concreto Sou uma seta para o alto (D)eus (morto)s (uma sobrevivente de Nietszche) sobrando apenas um (esse eu que é mais real que todos) perdida estrela cadente eis a minha natureza de passar simplesmente nunca ao alcance do outro. . (RaiBlue)

SILÊNCIO ESTRONDOSO

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Perfura os tímpanos da noite O estrondo do meu silêncio As palavras se perderam em meus abismos Só para tocar o mais profundo Afundo Não há fundo Versos acesos nos olhos Tochas  Pedras que se esfregam Fogo e fúria (na garganta grades de ferro) Incendeio a última carta de amor  (não enviada) Engasgo com as cinzas  de palavras abortadas Causa Mortis:  um poema atravessado na glote. (RaiBlue)

TUDO ANDES

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Tropeço nos excessos nas exceções das regras meus batimentos são músculos desobedientes impulsos improváveis em vidas mornas o tédio do relógio a roubar meu silêncio (cheio de delitos) o estéril tic-tac  e os estéreos ruídos do corpo dizendo a vida é esse curto circuito entre tua boca e o meu sexo alta tensão a 220 volts o amor explode  não sobra ponteiros nem novelos nem o que éramos antes tudo Andes  entre um céu e um Blues  (olhos dissolvidos em vertigens) neruda-me apenas o instante virgem que passa e finca tudo tão perto e longe tudo poema. . (RaiBlue) https://soundcloud.com/raiblue-sales/tudo-andes

JURAS DE AMOR

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Jurei que não mais falaria de amor. Mas ao te ver só o amor falava em mim. . (RaiBlue)

EPITÁFIOS CARDÍACOS

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O tempo que trago na fumaça do café expande-se dentro mais - que - perfeito escrito no mármore do peito (lápide dos meus amores) um sol morno lapida a manhã como um adorno involuntariamente o coração esquece e devagar se aquece o corpo e suas preces respira o aroma das flores que sempre crescem sobre epitáfios cardíacos do fundo da morte-abismo salto para a vida a ida há sol há só ida agora sem me preocupar pra onde. (RaiBlue)

NÁUTICA VIAGEM

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Deixo-te a ficção siga com teus fantasmas mágoas e margens sem parágrafos eu quero a fricção uma folha inteira escrita com o corpo palavras agitadas nas mucosas verdade é o que faz tremer a carne e goza rasgue teus versos inventados eu quero a poesia viva parida de navegações marÍntimas porque náutica é a viagem da minha língua molhando qualquer terra à vista. . (RaiBlue)

NARCISOS

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O lodo cresce também nas paredes de dentro no ouvido não há o outro só a própria voz  num ritmo obsessivo compulsivo dizendo  eu sou eu sou um mundo cheio de narcisos narcisos cheios de vazios enquanto uma lótus nasce no olho de um cego. . (RaiBlue)

INUNDAÇÃO

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Meu gozo chuva de um dia inteiro e o travesseiro entre as pernas (nas pausas das gotas) um outro dia nascendo de um chuvisco que cresce entre os pelos inundando a casa toda.  . (RaiBlue)

RESPIRE O SOM

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No meu silêncio não há tédio só ar há (soando a voz do meu enigma) não ouça sinta respire o som e dance com o meu fôlego!  . (RaiBlue)

TERRA NUA

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Da boca aos pés a maçã como raiz de todos os pecados a serpente anfitriã  sustentando a coluna como um relicário ( a vértebra da palavra no boca a boca) o horizonte a ponte entre duas línguas e uma metáfora que os olhos sobrevoa (cheios de hipérboles e tequila) mordo a maçã e sinto a língua de toda humanidade  se enroscar no meu bêbado poema a lei do verso livre rege o meu ventre  enquanto in vitro são paridos clones e rígidas rimas ciclones devastam todos os pronomes possessivos eu sou verbos conjugados no atrito num conjugado onde cabem todos os amores paredes não crescem em terra nua. . . (RaiBlue)

...

. Depois de alguns partos tenho isolamentos contraceptivos de ti a fuligem branca cerca meus abrigos do coração as nuvens turvas borram o beijo nos cantos do chão nublado, que é meu por direito no cinzeiro verde limão juntam-se os restos do mundo as cinzas esbranquiçadas que trancafiam o quarto meu pulmão infecciona lentamente pela falta do teu toque e esse gosto na língua da neve ainda viva que se antecipa em cair do inferno astral próximo e frio revestem minhas escamas de sal pois um dia fui tua lareira de chamas azuis a boca é apenas o lindo e calmo espaço sem estrelas, sem poeira, sem ti e eu o corvo de penas soturnas daquele domingo - que te conheci, nunca mais te vi nas sórdidas trincheiras naquela guerra inquieta, aonde quase te levei. . (Danilo Cavalcante) * Poema inspirado no meu: " EFEITOS COLATERAIS DE EXÍLIO".