Monday, June 29, 2015

IMPERMANÊNCIA



Os sulcos cortando a face 
com a foice do tempo

preenchimento, preenchimento
e a erosão continua por dentro
porque nada preenche os dias
desperdiçados nos terrenos baldios da carne

e o corpo vazio
é uma vala de levianos gozos 
que toda noite se abre 
para morrer um pouco mais

vestido com a ilusão de uma beleza rasa
rasgando as meias em ocas bocas
passa

na impermanência vaza
nunca passeou pelo peito
nunca provou um coração inteiro

segue estéril e inquilino do mundo
sem nenhum poema de amor tatuado no pulso
.
(RaiBlue)

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