Monday, June 29, 2015

LIXO ARQUEOLÓGICO



A dor coagulada no peito
lixo arqueológico 
de restos impregnados nos ossos

ferrugem blindando o corpo
no gris dessa tarde que manca
e corta lentamente o céu de chumbo

pesa nos ombros o tempo paralisado 
nos vãos dessa cidade que sou

em vão caminho pelas ruas do esquecimento
que dão na superfície da pele alva

(poema mudo estirado no chão)
há um silêncio de pedra em cada poro fechado
tuas mãos ainda seguram minhas ancas
(como um diabólico pacto)

a obsessão habita meus becos
Baco ri da minha submissão

em meu gozo masoquista
a dor goza de mim

minha ira é um Irã sem bombas
não consigo te destituir de minhas terras.
.
(RaiBlue)


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