ÁRIDO SAARA
Esmurro o ar que me sufoca com teu cheiro
um jeito estúpido de respirar depois da morte
quem dera a sorte de não mais voltar
de ficar em outro plano
(de alguém que me roubasse de mim
e me desse um outro cotidiano)
mas aqui tudo é replay
o filme não roda
a mesma cena fixada na aorta
a mesma sina de te ver partir
depois do amor sujar tua camisa branca
com o carmim da minha boca
fugitivos teus olhos escapam
deixando todos os pássaros no meu corpo
(e gaiolas no meu coração nebuloso)
tua ausência me aprisiona a um agora
imóvel e mortal
árido Saara meus olhos secam
cega toda paisagem é silêncio
o que fazer com tantas asas
se só com você sou queda-livre?
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(RaiBlue)
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