No meio do caminho, uma flor de lótus...

Sou tão ampla, sou tão vasta Misturada às águas escassas do coração Corro entre os vermes diários do tempo Escondo-me em sulcos que invento Sobrevivendo às balas perdidas De bárbaros selvagens Nas jaulas das cidades... Nesse planeta humanolaico Himalaias de solidão Clandestina, estrangeira Sem clã e sem pajé Sigo,nômade,pelas fronteiras Sobre o fio invisível da fé... Sou mandacaru Nos grandes sertões urbanos Saga de dores e desenganos Sou a insanidade do acreditar... Utopia ou rebeldia secular! Maiakovskianas canções Despertam-me todos os dias Sol da meia-noite, milagre! Estrela guerrilheira de Guevara A guiar meus passos Andarilha descalça... Da bomba atômica, sou a rosa cálida Que sarou as feridas e refez Hiroshima Radioativo, meu espírito irradia azul Desmancha céus de estanho Nos castanhos olhos nus da madrugada... Aura se expande entre alfa e ômega Espectros de luz alcançam sombras Em plena guerra cotidiana Brota uma flor-de-lótus Do meu nirvana... Jorro néctar sobre as bombas Ado...