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Showing posts from November, 2016

NOS BECOS COM BACO

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O corpo essa muda que muda o tempo todo não se afaste tanto  quando vier já serei outro a cama é a mesma mas a dama não está mais presa ao fantasma que algemava suas mãos (desaprendeu que dor é gozo) não sou mais o rosto do seu porta-retrato sou um nu artístico exposto como um ato político um grito um íntimo sussurro no meio da tarde sou qualquer coisa que invade vadia poesia perambulando nua por toda rua de sinais abertos quero meu verso nas bocas traficado trancafiado (em outra língua) vendo fiado meu poema  (concreto) hoje eu quero escrever a quatro mãos nos becos com Baco e o meu sapato vermelho (pisando em você). . (RaiBlue) . Art by: Vania Yanusic

NA CONVULSÃO DAS ÁGUAS

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De tanto (a)mar me tornei onda plena e vândala te arrastando pro fundo lá onde os corais vermelhos dos meus pelos eram vitrais acesos de fogo incendiando tuas espumas contidas sempre prestes a explodir na convulsão das águas depois da onda te dava a calma da minha concha onde teu mastro  amolecido e ancorado  descansava  até a próxima viagem o mar selvagem dormia silente entre os recifes dos nossos corpos até que a ressaca explodisse de novo e toda noite fôssemos uma ilha perdida do continente. . (RaiBlue) . Pintura :  Antonio Carlos da Silva   Obrigada pela linda inspiração! 

RÈVEILLON ANTECIPADO

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Brotaram mais flores  depois da tarde de amores que você semeou em minha relva e até a selva lá fora agora já não me importa a porta continua encostada e a renda perfumada  pra te enredar  na pele íntima e rosa das mucosas a qualquer hora pode ser feita a colheita só não perca  a primavera  que ainda resta aproveite (outros sábados) as f(r)estas do meu corpo e entre ( como um réveillon antecipado ). . (RaiBlue)

NO PALCO DA CAMA

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Toda sua poesia escorria do corpo palavras suavam soavam em cada movimento como um blues antigo brotando domingos dos SOLrisos queimando meus olhos ardidos de tanto vapor hipnotizada minha alma gritava num silêncio amante gemendo ( escondendo o gozo a quentura do gosto o sal do mar que dele jorrava meu unguento) ele exposto eu disposta lambia com os olhos seus ossos, músculos e alma p i n g a v a maltes & licores lia cores  no preto & branco de sua roupa despia todas uma a uma até que nus (ele & as palavras) me amas(sa)sem como um passo de dança no palco da cama. . (RaiBlue) . p /  Cássio Jônatas   ( o poeta que dança com as palavras) com açucar & afeto Blue  . Pintura : Gianny Franken

Todo orgasmo tem um quê francês...

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https://www.youtube.com/watch?v=8LynG0c6Zf4

ENQUANTO A CHUVA CAI

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O hálito estrelado da noite O hábito de te beijar dentro desse escuro Que nos habita O que somos nunca importou Nós (e nossos enigmas) Dançamos em nossa cama E é exatamente esse corpo quente  (De quem ama sem saber por que)  Que nos desertos faz chover E até parece que nesse instante breve Somos uma vague nouvelle À beira do Sena Uma cena de Truffaut no drive -in da carne Exposta ao triunfo das pupilas e seus arcos Dilatados ... delatando tudo... Chovemos sobre a cidade que criamos E nos queimamos no interior Onde a lua é uma rede Para que o amor se deite E goze estrelas entre dentes Estridentes são os sons do amor  (Es)feras que se soltam e correm livres Pelo universo nu dos corpos. . (Rai Blue). " Enquanto a chuva cai" - Art by: Jorge Gouvea

CONVITE

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Antes de me tocar se toque (como a uma guitarra de Hendrix) nossos olhos dilatados delatando a fome é um mix de abandono e descontrole bebe a paisagem enquanto trago um cigarro e me espraio em tua mente acendo teu corpo com meu fogo abro minhas coxas como um convite bem devagar movimente as mãos  e cresça (junto à minha vontade) me despe como quem já sabe o caminho de casa e os cheiros de cada cômodo quero faro falo pulsando o coração na boca tua boca por um triz do meu sexo o útero em ondas à espera do esperma uma explosão derrubando toda sua resistência . (RaiBlue)

ÚMIDO AZUL

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Queimávamos juntos no chão da madrugada éramos o atrito das pedras que carregávamos e do cansaço nascia o fogo injetado nos músculos contorcionista a fumaça brincava nas bocas num strip tease de formas um beck um baque um batuque divindades transmutando a pele nua selvagens os sons das cores na carne e como de costume mordíamos o mundo o azul gemia úmido  na seda macia da calcinha um céu em dilúvio. . (RaiBlue)

TRANSE LOUCO

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Na mente ou na pele crescem as vontades? Sei que só existe tudo que cabe nos limites do teu corpo tudo que excede é miragem dublagem de tua voz carmim o cântico do sideral espaço elíptico quase epilético o teu eco em mim. Gênese e juízo final todo corpo começa e termina em outro ramificações de neurônios hormônios um transe louco um transatlântico atravessando o fogo um trance lançando os corpos um dentro do outro sem apartheid  esparta nem aspartame naturalmente doces como as secreções da libido ácidos para todas as guerras (bioquímicas) e as hiroshimas em seus entornos. . (RaiBlue)

BOMBA-RELÓGIO

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Sobre as pedras deslizei cobra instintiva fugida de algum éden que inventei no fundo do meu quintal de ilusões. Criei couro resistente aos atentados do toque tanques de veneno nas artérias  para qualquer invasão. Meus batimentos? Não se engane São de uma bomba-relógio. O ópio? os segundos na carne que precedem a explosão. Vai se arriscar a riscar o fósforo? Tome o meu isqueiro - é melhor. . (RaiBlue)

RÈVEILLON

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É a luz que vem de dentro a noite. Candeeiros os olhos acesos abrem suas cortinas. As retinas abandonam a rotina. A meia-luz pede meias e pernas truques e traques de fazer explodir o que o dia conteve. À noite eu , você e meia hora apenas para sermos inteiros (fogos de artifícios) reveillon. . (RaiBlue)

VERMELHOS-FLECHA

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Vê melhor o olho que fecha vermelhos- flecha a poesia concreta sangrando por dentro incêndios saindo pela boca de batom granada o escuro é sanguíneo rubro nu que me veste me despindo como um amante devagar a vagar entre os glóbulos da nossa mesma substância: mistério e fome. todo vermelho tem carnívoro sobrenome. . (RaiBlue) . *Pintura: Sarah Jarret.

MEU BARATO

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Febril a escuridão da pele o cio Macio  é o  (es) trago do que vem depois Engasgo teu cheiro (meu) barato nos becos nostálgicos do meu corpo Para os outros enquanto a noite encena sua dança é o meu aroma de fêmea que finca nos faros e faróis dos olhos  dos machos nas esquinas Nem os astros poderiam prever a colisão subcutânea dos que ardem. (Rai Blue) . Pintura: Jorge Gouvea 

ESTÉRIL BLUES DAS ARTÉRIAS

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O amor manchou de vermelho a carne  o vestido a langerie até os cabelos! Me fez rir enquanto eu gozava pra depois gozar de mim Sabe mais do amor Shakespeare do que Freud? o que fode a gente a pulsão de vida ou a de morte? Todo impulso é vermelho todo amor tem no pulso um corte cicatriza  mas não estanca os glóbulos e sua dança! Triste é o som das artérias quando tudo é éter quando tudo é estéril estéreo só o blues da corrente sanguínea quando o amor míngua e o coração é uma noite sem lua. . (RaiBlue) *Pintura : Bruce Holwerda

TIRO AO ALVO

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Há tiro  no amor Há amor no tiro? Atiro no amor e resolvo isso. . (RaiBlue) . * Ilustração: Giuseppe Cristiano

UMA SINTAXE DELA

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Gostava de andar armada no bolso guardava sempre um poema pra sua vida sem rima sem remo vivia beijada pelo verso todo dia na boca no ventre na ventania de sua língua era o avesso de um verso comportado beat poeta ela era  à margem das regras uma sintaxe dela amava sem etiquetas gostava de amor de mercado livre de feira becos e breguices era uma música de Rossi de Ana C. um Blue kiss e a *ausência desencorporada de Emily em cada versículo da liturgia de sua carne. . (RaiBlue) . * Pintura : Bruce Holwerda. * Título de um poema de Emily Dickinson.

CORES QUENTES

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Sentidos tangentes  ao Ser tudo é ângulo calculo os graus gradual mente pintando de cores quentes as avenidas do meu coração. . (RaiBlue)

FACA DE PLUMAS

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Ainda grito  do golpe violento da palavra me fodendo quando tudo era silêncio e o cio dormia como um animal amarrado sem forças então a palavra me beijou a boca o ventre e entrou de repente no que ainda era virgem maníaca ia & voltava cada vez mais fundo escavava doía & gargalhava do fundo da dor sádica ela arrancava o prazer e engolia toda minha decência depois me lambia com metáforas e eu quase acreditava que o amor era uma faca de plumas e não um puma  que mataria uma a uma todas as palavras. . (RaiBlue) . * Pintura: Amy Judd

CAMA SURTA

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Faz-me su(tr)a toda manhã  a cama surta o corpo oblíquas ondas entre as pernas um oceano louco entre diagonais abertas por onde brotam maçãs venha marinha serpente picar-me as bandas e te darei toda abundância da polpa  a maciez das coxas roçando os teus (a)pelos suga-me bocas & mamilos e nilos banharão teus músculos lubrificando as vontades que molhadas semearão o fruto que explodirá de novo & de novo em vermelhos roxos em pequenos estouros de gostos absurdos! E surdos seremos para o mundo nos mergulhosos amanheceres a mil pés da realidade a verdade flutua nua agridoce & rosè. . (RaiBlue) * Art By: CAMA SURTA Jorge Gouvea