Monday, November 28, 2016

NOS BECOS COM BACO


O corpo
essa muda
que muda o tempo todo

não se afaste tanto 
quando vier já serei outro

a cama é a mesma
mas a dama não está mais presa
ao fantasma que algemava suas mãos

(desaprendeu que dor é gozo)
não sou mais o rosto do seu porta-retrato
sou um nu artístico exposto
como um ato político

um grito
um íntimo sussurro
no meio da tarde

sou qualquer coisa que invade
vadia poesia
perambulando nua
por toda rua
de sinais abertos

quero meu verso nas bocas
traficado
trancafiado
(em outra língua)

vendo fiado
meu poema 
(concreto)

hoje eu quero escrever a quatro mãos
nos becos
com Baco
e o meu sapato vermelho
(pisando em você).

.
(RaiBlue)

.
Art by: Vania Yanusic

No comments: