DA TRANSPIRAÇÃO DAS RUAS

Ele se apressava e embora o tempo passasse acelerado entre os roncos de motor dos carros à procura de drive-in o nosso filme era ali à céu aberto e em câmera lenta a cidade exalava feromônios o cio jorrava pelos córregos dos corpos e das esquinas em meu ouvido ele soprava fogo que virava lava que lhe queimava os dedos doidos (na boca o gosto de adrenalina) ele falava pequenas ousadias que cresciam em minhas mãos teu falo escravo dos meus movimentos obedecia como um bom cavalo & eu escorria como um riacho (no centro da cidade) éramos explosivos mais quentes que o óleo diesel da transpiração das ruas . . (RaiBlue) Pintura: Jorge Gouvea * Valeu pela inspiração, querido!