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Showing posts from March, 2009

Anti-civilização

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Paradigmas Dúzias de dilemas E o sistema sem lema nem leme Naufragando no poente Cor de sangue Nuvens de crime Desabando sobre as cidades Tempestade salgada Rios de lágrimas Cortando as estradas Levando os sonhos... Restos humanos boiando Nas águas turvas Que correm noite adentro... A ampulheta quebrou O tempo parou As areias cobriram o sentimento... Movediço esse chão onde piso Pântano de luxo e de lixo Onde a lei faz a miséria Ser apenas um artigo Esquecido nas gavetas... Enquanto isso nas sarjetas O homem vira bicho Afia os dentes nas grades E saliva a vingança Sem esperança nem perdão... E o futuro? Fica pichado no muro Vestígios de uma anti-civilização... (Raiblue)

Vermelh(ares)...

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Era um fim de tarde vermelho, num planeta vermelho que no zoom dos meus olhos se expandia. Havia uma certa sensualidade parada, sem vento que soprasse para longe o outro lado dessa cor, as nuances perigosas da guerra, do sangue, da dor.Estavam todos os tons misturados no raio da minha visão, uma circunferência que parecia caber tudo. Eu carregava o peso do mundo nos olhos, que traziam, por dentro do seu verde, os vermelhos de fora e aqueles que já trouxera comigo, a vida ziguezagueando na corrente sanguínea. Tentava fugir, fechando-os, mas não adiantava. Uma vez enxergada a vida como ela é, não tem mais jeito. A secura das imagens, retidas por dentro, retiravam dos olhos qualquer umidade, não havia mais perplexidade, eles pareciam hipnotizados por aquilo que se chamava de normal, comum. Era uma cegueira necessária para que eu sobrevivesse... Enxergar doía tanto que me paralisava. E assim, cansados de ver, vamos nos acomodando dentro desse raio de visão sem arriscar o salto. A vida para...

Mil e uma luas...

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Se você viesse Eu lhe daria mil e uma noites Nossa Bagdá de Ali seria aqui Jardins suspensos Babilônias Templos de amor Bombas de açoites Nossos beijos vermelhos... Bagdá à beira Dos rios do desejo... Sobre o tapete Voaríamos sem descanso Em direção aos prazeres Mais insanos Rezaríamos por todos os cantos Nosso mantra mais profano Ritual sagrado Descobriríamos divindades Dionísicas nesse misto De carne e espírito... Devassaríamos os caminhos Dessa viagem sem volta Apagaríamos todas as portas Desvendando outras passagens Inundados pelo cio Levados pela correnteza Dos rios... Seríamos represas De águas doces... salgadas Naturalmente mornas... Te daria mil e uma luas... Sempre cheias Nesse crescente amar... Que nossa Bagdá resista Até esse dia chegar... Que nenhum ataque destrua A capacidade de sonhar... (Raiblue)