Nessa hora quando todos dormem
Atravessa-me um mar de peixes tristes
Atravessa-me um mar de peixes tristes
Uma ternura congelada
No fundo das águas do tempo
Pedra talhada pelas ondas de sentimento
Quebrando nos muros do peito
No fundo das águas do tempo
Pedra talhada pelas ondas de sentimento
Quebrando nos muros do peito
Tudo resiste
O coração as artérias o entupimento
O esgoto
O gosto
O rosto e sua superfície
Cada vez mais áspera
Carregando a vida nas rugas
Nas rusgas que crescem em silêncio
A noite é um mar inconsolável
Que quebra (n)as paredes do peito
E não há jeito
De não naufragar em si mesmo
Tempo instável
O coração é uma embarcação
Sem bússola
Sem ursa maior
Sem nó
Um sol menor da sinfonia
Que rege a poesia da escuridão
Tudo é vão e tanto
Tantos vão(s)
(e não voltam)
Vazias as ruas cardíacas nessa hora
A chuva dos olhos molha
Suas árticas calçadas
( onde pede abrigo
morrendo de frio
a memória).
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(RaiBlue)
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Pintura da japonesa: Miho Hirano
2 comments:
Belo texto!! aguardo mais!!
belo.*
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