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Showing posts from April, 2016

LASCIVOS ESCUROS

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Penetra meus lascivos escuros há um cintilante silêncio rubro (quase obsceno) evocando teu nome mansos cavalos correm soltos nos campos do meu corpo pronto para você cavalgar bem devagar e com a fúria da fome de quem ama sem pensar no amanhã fugaz é evitar o agora e perder as paisagens do gozo prender os cavalos nas cel(ul)as do sistema nervoso morrer de derrame sem ter se derramado no corpo de alguém. . (RaiBlue)

DIAS DE (A)MAR

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Arrancar o cisco dos olhos deixar o risco a brevidade do momento  que fica como uma paisagem emoldurada pelas retinas em uma curva do tempo ser uma concha aberta jorrando mar de um precipício o marulho de um beijo lento travessia de um amor-poente sobre as águas do corpo quente um vício eu vi cio na natureza encharcada que escorria e eu ia salgando a poesia na saliva dois barcos nossas bocas se chocavam se atracavam éramos um porto em alto-mar. . (RaiBlue) * Pintura de : Casey Weldon

CORPO-PALAVRA

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Caminhos são pontes mas eu sempre preferi os descaminhos esses sonetos de ar que componho como um sonho um lugar onde o vento é o meu abrigo e o tempo é um verso soprado nos tímpanos do mundo correndo no tic-tac das sílabas poéticas místicas enquanto escorro lírica encharcada de absurdos. Surdos são os homens que não escutam o que o tempo compõe em seu silencioso dedilhar. Eu voo devagar catando metáforas no ar vestindo meus pés de hipérboles (eis minhas asas !) Sou chão e vento antíteses que invento no meu corpo-palavra. . (RaiBlue)

MARÍNTIMO

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Tua boca me assalta quando atravesso a noite alta tem gosto de povo cachaça da solidão das ruas de madrugada e o mar ejaculando nas pedras respingando em meu ventre. Tua boca me morde como essa angústia de ser sempre outra que se move para longe nó náusea tão náutica minha carne nessa hora à deriva explora tua ausência como de costume costumiza o tempo num bordado marÍntimo de pelo e sal. . (RaiBlue)

ARQUIPÉLAGOS DE ESPERAS

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O rosé se derramava no céu na lateral do horizonte como uma ponte discreta um print do nosso segredo ( colado em meu peito como uma seta) o vinho no canto da boca do céu tão doce e suave seita a embriagar as mãos que bêbadas mergulhavam em térmicas nascentes explodindo em cores de Dali ali onde morria a tarde a noite rosa das mucosas se expandia entra a fina flora e a demora de tua constelação de centauros ( loucos) no mapa do meu corpo arquipélagos de esperas cresciam nas solitárias navegações da carne. . (RaiBlue) . *Fotografia de Débora Andrade *Efeitos de imagem: RaiBlue

KAIRÓS

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Desfazendo os presságios tenho pressa de realidade Kairós não surgirá sou eu mesma a minha ampulheta (que tantas vezes lancei ao mar) não conto mais as luas em teus olhos que só me fizeram gravitar no vácuo do teu coração-cometa o tempo é o que em mim continua não em um álbum ou em algum maço de Carlton tragado em dias inventados fora do calendário aperto o play do agora tão provisória a vida é esse hoje que explode no peito e a cabeça dá um jeito de esquecer suas ficções e as frações de segundos desperdiçados hoje eu só quero ser uma tela de Frida Kahlo tão real que dói corrói a ilusão de que a vida é um Van Gogh e seu girassóis . . (RaiBlue)

SOBRE AS SOBRAS DO DIA

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Não havia guerra alguma senão essa a memória do teu corpo em minha reza no lugar de um terço tu me algemas toda manhã me prendes e me beijas ainda e molhamos a cama de poemas. Depois me ajeito no que não tem jeito (nem nunca terá) me deito sobre as sobras do dia sob as sombras da noite para de novo te encontrar nesse lugar inacabado de nós dois. . (RaiBlue)

NA BOCA DA NOITE

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E assim vais ensaiando  olhos insanos  a se (con)fundirem entre os vermelhos  dos últimos raios de sol e dos meus cabelos em tuas mãos. Puxas as rédeas do meu desejo e soltas no movimento alternado de tua verga encostas mas não penetras vê o sol sumindo pelas frestas dos meus olhos sussurrando que entres! Tu demoras na tua festa voyeur e eu tão urgente a te comer com os olhos à beira do salto no teu mar . Crepuscular esse desejo que nasce depois do sol e antes da lua e apenas flutua entre os nossos olhos e tuas mãos e a boca da noite. . (RaiBlue)

ILHAS DE CONCRETO

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Estamos todos submersos Em ilhas de concreto Medianeiras e prédios E cartelas de rivotril nas gavetas Para apagar a mente acesa Por uma ansiedade crônica De quem represa suas ondas Em tarja preta A calma aparente Das cidades silenciosas O tédio Batendo na aorta Remédios que adoecem Cortam nossas asas Uma ideia falsa Nossa liberdade controlada Por miligramas Quando nosso drama Pesa quilogramas. (RaiBlue) *Pintura de : Mônica Benini

LÍQUIDA

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Meu corpo é mar que se sustenta No desequilíbrio da vida No vai e vem da onda Quebrando a rotina Enquanto a retina mergulha Nas paisagens circulares da água Sou feita de marés Baixa quando amanhece Alta quando a noite cresce E engole o mundo E tudo que se quer Ė o fundo O findo. E depois : o fim do fim no recomeço da onda no corpo: esse mar que quebra na praia do tempo e navega em busca de infinito. Corpo que é Deus Deus que é mar. Meu corpo é mar que se perde de vista tatuando o horizonte de sal no suor da noite. . ( RaiBlue )

VINHEDOS DO CÉU DA BOCA

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Escapo de qualquer fuga de ti amor. Eu sempre vou eu sempre voo no teu céu manchado de uva que explode em vinhedos e adivinhações da minha língua roxos sabores escorrem entre a boca e o o olho (o terceiro) onde a alma degusta a vida encarnada na uva que me dás líquida me misturo a tuas roxuras como uma pintura de Dali e te amo daqui na efêmera eternidade da carne selvagem polpa quando estouro rubra e doce em tua madureza . (RaiBlue)

TANGERINA

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Dos bagos amarelos do teu céu de tangerina eu chupo os bagaços a faço até rima eu que sou verso livre me prendo em teus pedaços mas me desfaço em teus dentes como sumo aguardente que queima os caminhos escorro devagarinho e tua língua vem atrás do meu jorro açaí a sair... pra pintar teu céu por aí de saborosos vermelhos rubi. . (RaiBlue)

ENTRE O OSSO E A ALMA

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Ele era o Arcano sem nome   do meu jogo de cartas (românticas) esquecidas no porão da carne lá no escuro dos poros uma tríade apontava o caminho o mago insistia em conduzir mas o enforcado trancava as pernas e as palavras o corpo esnobava o fogo enamorado duvidava entre o osso e a alma passava um rio que levava as cartas cada vez mais pro fundo camada por camada eu esquecia cada vez mais rouca a memória de tua voz. . (RaiBlue)

ENTRE ARAMES FARPADOS

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Estamos todos cambaleando entre arames farpados dói pisar no chão da vida que quando ferida nos fere de volta e na mesma medida a cerca dos olhos é de ferro e oxida o (gira) sol da íris ferrugem nas vistas nenhum colírio roubaram-nos todos os delírios? não há saída (nem à esquerda nem à direita) ensaiamos tanto a cegueira que tudo agora beira o drama ( que Saramago anunciou) não é ficção tudo é facção a vida traficada por propinas e pedaladas pelas ruas sem lei afinal quem é o rei? quem é o réu da vez? . (RaiBlue)

OFERENDAS

Ofereça sacrifícios de louvor e diga não! Suavidades que te escorrem, que te lavam e ‘apavoram’ não mais serão, fora do corpo que arde em ir embora... Ofereça seus ritos mágicos agora! Ofereça sacrifícios de louvor e diga não! No final restará apenas um poema sob escombros da Política anti-mítica antitética, antiética.. Policínica! Ofereça sacrifícios de louvor e diga NOW! Agradeça! Fugiremos donde a mística acabou. .  (Thi Zion)                                                                        Em  31/03/16 Um presente muito especial de um poeta que admiro : Thi , o tal do Zion.