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Showing posts from September, 2015

RUÍDOS DE SOL NAS PONTAS DOS DEDOS

Em minha fome você. Osso tutano. Caldo quente teu suor em minha língua. Tudo no que imagino ainda. Pressinto. E todo meu corpo se prepara para te receber. Me encho d'água. Alago a casa. Há lago e línguas. Teu nome boiando nas ondas dos meus gemidos. Ruídos de sol nas pontas dos dedos. Amanheço.   Mas o tempo que ecoa em mim é quando. Tudo quântico. Física. Tudo enquanto. Sândalo e maresia. Tua presença líquida do meu corpo se apossando. Divindade. Poesia. Qualquer coisa que vicia e cala o barulho das ruas. Só vejo você atravessando a pista que dá em meu coração. . ( RaiBlue ) . Versão em áudio:   https://soundcloud.com/raiblue-sales/ru-dos-de-sol-nas-pontas-dos

NA AVENIDA ENTRE TUAS COXAS

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Tua presença ficou em minha língua queria-te poema no céu da boca te re(x)citar a noite toda e numa quarta-feira de cinzas ser carnaval ainda na avenida entre tuas coxas. .                                                                                                                     (RaiBlue)

DELA

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Se saia que é do vento as mãos que levantam   sua saia e ela sabia e despida esperava a carícia e gozava a liberdade de ser só dela . (RaiBlue) . Ilustração de  Marcella Maia.

SAUDADE

Essa bagagem pesada no peito. Esse cheiro de terra molhada, de casa, de quarto. De rede e nossos pés na noite entrelaçados até que o dia nos separe. (RaiBlue)

CÍRCULO VICIOSO DOS MOINHOS

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Há tantos botequins em meu corpo qualquer dia desses pare pra tomar um drink fique por uma noite ou para sempre o tempo embriagado nos confunde meu bem então vem sem relógio com pulso aberto morrer de amor ( esse lúcido ébrio a beber as gotas   do álcool extraído de cada orifício ) depois   se deite sobre o meu delírio e eu rio te arrasto   para o círculo vicioso dos moinhos   guardado entre os (grandes) lábios. . (RaiBlue)

ATLÂNTICA

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Ouves ouves o mar em mim. Houve um tsunami ontem na cama. A lua se afogou nas chamas no fundo das águas. Ainda vaga lume aqui. Vagalumes nos olhos faróis   fósforos. Tudo aceso. Tudo acesso. Todo excesso do mar na ânsia   (que não dorme). Eu tão atlântica   hóspede do teu continente tão distante. Mas a onda dá onda e me lança sobre o teu corpo basta um sopro e em minha respiração   teu cheiro iça as velas do desejo. Teu corpo é um cortejo de sol enquanto velejo. . (RaiBlue)

NOIR

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Noite eterna insônia   teu cheiro desforrando a cama. nua essa saudade no ar noir... e essa música francesa agitando meus dedos. Em noites assim corre um Sena atravessando o meu mais íntimo poema. . (RaiBlue)

OBSCENO CAMINHO DO MEIO

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Se Tao se caos tanto faz qualquer extremo. Eu quero o obsceno caminho do meio. . (RaiBlue)

SÍNTESES DO SENTIR

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Pode abrir a casa (dos meus botões) e entrar com a boca (despida de palavras) quero sua língua (sem análises sintáticas) só com táticas sínteses do sentir em lambidas ousadas depois segue as encostas enquanto rio  (a)baixo abre quartos molha a flor que guardo no corredor mais estreito enquanto te beijo (pela porta contrária). . (RaiBlue)

A QUEIMAR OS NAVIOS DE FUGA

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Fechei os olhos e acendi meu corpo era o teu sorriso o fogo a queimar os navios de fuga fui tua   num eclipse total teu sol sob minha lua que cavalgava a noite como uma entidade e eu te bebi   como quem já soubesse o gosto (vinho, vodca, conhaque) não sei se déjà vu ou anunciação eras tão real em minhas mãos que não ouvi mais o tempo dizendo "já era tarde". . (RaiBlue)

AVARANDADO DA MANHÃ

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No avarandado da manhã A primavera brotava cor de rosa Flores acordavam toda prosa E a poesia saudava Iansã ! . (RaiBlue)

INCÊNDIO LENTO

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Teu sorriso mastiga meus neurônios incêndio lento teus lábios em movimento Um Blues   quase Blue   o som desse silêncio extasiado e nesse dia cinza teus olhos no meu quarto cúmplices do ato inevitável   de te ter aqui dentro de mim. . (RaiBlue)

SOU RINDO

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Quando sou rio rio... e te imagino leito quente e macio onde deságuo. . (RaiBlue)

ALINHAVANDO CAMINHOS

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Depois dos navios (negreiros como esta noite que me escraviza ao teu silêncio cor de chumbo caindo sobre minha cabeça) haverá no fundo do escuro qualquer coisa acesa incendiando as linhas da minha mão. Do destino em chamas renascerei em outros corpos   em outros copos   erguidos em ruas que nunca passei. Provarei do livre-arbítrio de queimar-me inteira de estar sempre à beira de um caminho novo de me perder enquanto voo e me prender ao vento me desprender do tempo ser sempre passagem alinhavando caminhos. Que eu não passe pela vida mas que a vida em mim passe rio cortando uma cidade água que amolece a terra argila que cura   depura o que da vida é pus escultura serei do futuro que eu quis.   . (RaiBlue)

NAU FRÁGIL

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E assim  à deriva do tempo o aroma selvagem das ondas nos lançando a este lugar inalcançável que somos entre a terra e o mar   estamos nós   (vã filosofia) poesia a céu aberto jorrando infinito olhos navegantes sonhando porto mas sempre partindo partidos por arrebentações que arrastam as margens as beiras as praias tudo se espraia e desaparece escuta-se o lamento do mar-alto   o coração e seus naufrágios nau frágil os olhos diante do mar. . (RaiBlue)

NÉVOA E NEVER

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Chumbo esse céu armado pontiagudo perfurando o sol   que incendiava o peito . Chuva de lava dos vulcões adormecidos   levando o corpo correnteza adentro,   frágil barco de papel desmanchado,   uma cidade submergindo, nenhum vestígio de civilização no coração antes povoado por teu nome. Na linha do horizonte   tudo névoa e never.   Todo pra sempre afogado no olho que finalmente enxerga. Sem os enxertos das mentiras rasas de quando tudo era asa pra lugar nenhum. Agora as águas dissolvem a última letra de teu sobrenome. . (RaiBlue)

LÚBRICO DESEJO

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No fundo da minha gruta há fogo e riacho um cálido aconchego um lúbrico desejo abrindo caminhos involuntários. Em meus córregos acalma tuas guerras e no fogo  trava a tua mais ardente batalha. No final estaremos salvos de toda (in) sanidade. . (RaiBlue)

LÍQUIDA

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Liquida a morte porque líquida é a vida e transborda. Não se afobe não se afogue "que nada é pra já" a água é mole abre caminhos devagar a vida corre pro (a)mar o (a) mar escorre entre nossas pernas. . (RaiBlue)

IDÍLIO

O gosto do teu cheiro passou tão rápido por mim ficou a fome a vontade de sentir ( com a língua o teu tempero) e te traduzir num poema como fruta mordida um verso antigo corriqueiro impregnado no céu da boca como um idílio. . (RaiBlue)

TUDO QUÂNTICO

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Em minha fome você. Osso tutano. Caldo quente teu suor em minha língua. Tudo no que imagino ainda. Pressinto. E todo meu corpo se prepara para te receber. Me encho d'água. Alago a casa. Há lago e línguas. Teu nome boiando nas ondas dos meus gemidos. Ruídos de sol nas pontas dos dedos. Amanheço.   Mas o tempo que ecoa em mim é quando. Tudo quântico. Física. Tudo enquanto. Sândalo e maresia. Tua presença líquida do meu corpo se apossando. Divindade. Poesia. Qualquer coisa que vicia e cala o barulho das ruas. Só vejo você atravessando a pista que dá em meu coração. . (RaiBlue)

A MIL PÉS

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Tão marinhos  os cavalos que cavalgam meu peito. Meus olhos de algas buscam a água sedentos de horizonte. Não há ponte que me salve de ser fundo líquido. Abismo suspenso no vácuo. Entre a terra e o mar eu flutuo. No fundo inalcançável da antimatéria. Sou ar. Artéria e pulmões. A confissão do oceano no ouvido do mundo. Empuxo.Fluxo. Encontro e contramão. Porque sou onda que ninguém represa. Sou presa do vento livre. Sou livre ventre. Ostra. Concha e marulho. Escuta-me no silêncio do fundo. Estou a mil pés do que você pode ver. . (RaiBlue)