Depois dos navios
(negreiros como esta noite
que me escraviza ao teu silêncio cor de chumbo
caindo sobre minha cabeça)
haverá no fundo do escuro
qualquer coisa acesa
incendiando as linhas da minha mão.
Do destino em chamas
renascerei em outros corpos
em outros copos
erguidos em ruas que nunca passei.
Provarei do livre-arbítrio
de queimar-me inteira
de estar sempre à beira
de um caminho novo
de me perder enquanto voo
e me prender ao vento
me desprender do tempo
ser sempre passagem
alinhavando caminhos.
Que eu não passe pela vida
mas que a vida em mim passe
rio cortando uma cidade
água que amolece a terra
argila que cura
depura o que da vida é pus
escultura serei do futuro que eu quis.
.
(RaiBlue)
No comments:
Post a Comment