Wednesday, September 30, 2015

ALINHAVANDO CAMINHOS



Depois dos navios
(negreiros como esta noite
que me escraviza ao teu silêncio cor de chumbo
caindo sobre minha cabeça)
haverá no fundo do escuro

qualquer coisa acesa
incendiando as linhas da minha mão.


Do destino em chamas
renascerei em outros corpos 
em outros copos 
erguidos em ruas que nunca passei.


Provarei do livre-arbítrio
de queimar-me inteira
de estar sempre à beira
de um caminho novo


de me perder enquanto voo
e me prender ao vento
me desprender do tempo

ser sempre passagem
alinhavando caminhos.


Que eu não passe pela vida
mas que a vida em mim passe

rio cortando uma cidade
água que amolece a terra
argila que cura 
depura o que da vida é pus


escultura serei do futuro que eu quis. 
.
(RaiBlue)



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