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Mulata a língua do meu povo!

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Quando a palavra não lavra É larva que não se transmuta em asas Verbo sem ação... sem ligação Verbo que indica o fenômeno da natureza humana Contradição! Quero o que o corpo fala Um país descoberto por dentro Que a palavra seja um gesto em movimento O rugido do gozo num verbo obsceno Engolindo o pudor da língua Despindo o prazer! Se é vero o que contra_digo Verão o verão saindo de minha boca Ardente palavra louca Solta das correntes da métrica Porque antes da academia Banha-se no corpo, no copo E a_bunda na carne da boemia Embriaga-se do ritmo salgado Timbaliza o verso Num samba suado! E a poesia escorrendo Dos seios intumescidos da Montanha Ao umbigo do Mercado Modelo Prostitui-se nas largas e nuas ancas Que desfilam num cortejo da cor do molejo Mulata a língua do meu povo Risca o céu do meu beijo negro! (RaiBlue)

No at_içar da íris...

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  Nos grandes sertões das cidades As grades e as veredas que se abrem no olhar Varanda que dá para o mar que aplaca a seca da alma E traz a chuva que fecunda os olhos de navegar... Marujo meu coração deixa o cais Parte as correntes do medo E faz da correnteza aconchego Só se encontra quem se perde Pelas paragens onde as pedras São degraus para avistar outras terras... Todo abismo clama por coragem Nem toda viagem requer um destino Clãs pelas savanas do desconhecido At_içar a íris, mergulhar no avesso e costurar sentidos Anarquista, minha lei é o risco! Alquimista do impossível, sonho! Mais que um caminho, eu quero o caminhar descalço Da alma que se suja do barro dos becos Do corpo que cede à febre do instinto E fede bem menos que os hipócritas puritanos! Sou o divino humano que há na frágil razão devorada Pelo bicho solto da emoção engolindo entre os cactos Todo o oásis como se fosse mar... E nesse incerto amanhã que há nas ondas Eu quero o afogar das vi...

Livre pensar[ Não pensar]...

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Entre o ser e o estar fica o passo Por um triz, atrás do pulo A essência livre gritando Destituindo a razão do seu trono  Se o pensar é asa Como pode impedir o vôo? Paradoxo O homem vendado pela luz da razão Enxerga-se sombra Do que poderia ser E mente [demente] Na contramão de si mesmo  E a verdade é um novelo Para os dias inventados Quando esquece-se de pensar  E vive-se... (RaiBlue)
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Amor talha Mortalha sobre a pele nua Vermelha vertigem Sob ventos que sopram lilases! (RaiBlue)

Deserto das ondas

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Saca um soco no seco? A música arranhando o estômago A ânsia um Tâmisa represado Um barco sem mar...? O chão da casa ainda tremulando Nas brechas da persiana a noite insana Uma aurora guardada sob o tapete A dança de um instante maior que o infinito E a faca amolada do dia seguinte Cortando o sonho ainda molhado Sangrando o gozo ainda nos lábios Ácido prazer de um deus sádico! E os dentes mastigando a estupidez De ser devorada pelas palavras Que em tua boca bebi E na minha sussurrastes ventos[contra-alísios] [E agora um mar sem fundo] Espirais de búzios na ilha do silêncio E um poema bêbado e bruto Engolindo as águas da insensatez Vazio ancorado no deserto das ondas... (RaiBlue)