Mulata a língua do meu povo!

Quando a palavra não lavra É larva que não se transmuta em asas Verbo sem ação... sem ligação Verbo que indica o fenômeno da natureza humana Contradição! Quero o que o corpo fala Um país descoberto por dentro Que a palavra seja um gesto em movimento O rugido do gozo num verbo obsceno Engolindo o pudor da língua Despindo o prazer! Se é vero o que contra_digo Verão o verão saindo de minha boca Ardente palavra louca Solta das correntes da métrica Porque antes da academia Banha-se no corpo, no copo E a_bunda na carne da boemia Embriaga-se do ritmo salgado Timbaliza o verso Num samba suado! E a poesia escorrendo Dos seios intumescidos da Montanha Ao umbigo do Mercado Modelo Prostitui-se nas largas e nuas ancas Que desfilam num cortejo da cor do molejo Mulata a língua do meu povo Risca o céu do meu beijo negro! (RaiBlue)