Wednesday, December 23, 2009

Mulata a língua do meu povo!



Quando a palavra não lavra
É larva que não se transmuta em asas
Verbo sem ação... sem ligação
Verbo que indica o fenômeno da natureza humana
Contradição!

Quero o que o corpo fala
Um país descoberto por dentro
Que a palavra seja um gesto em movimento
O rugido do gozo num verbo obsceno
Engolindo o pudor da língua
Despindo o prazer!

Se é vero o que contra_digo
Verão o verão saindo de minha boca
Ardente palavra louca
Solta das correntes da métrica
Porque antes da academia
Banha-se no corpo, no copo
E a_bunda na carne da boemia
Embriaga-se do ritmo salgado
Timbaliza o verso
Num samba suado!

E a poesia escorrendo
Dos seios intumescidos da Montanha
Ao umbigo do Mercado Modelo
Prostitui-se nas largas e nuas ancas
Que desfilam num cortejo da cor do molejo
Mulata a língua do meu povo
Risca o céu do meu beijo negro!

(RaiBlue)

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