Em minhas gavetas, um tango em Paris!

Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente. ( Charles Baudelaire ) Estou guardada em muitas gavetas. Eu, dentro das gavetas, e, dentro de mim, muitas outras, repletas de doses de medo e de coragem. Um coração selvagem, felino, que, às vezes, se derrete a certos olhares e toques, e se entrega à manha das manhãs sem pressa... Das minhas mãos, as caravelas partem, em rumo ao destino traçado na palma, misteriosamente...Ondas levam e trazem os barcos, a turbulência também era prevista, fazia parte da viagem. O vento do pensamento sopra as velas. Como será por trás dele? Será oco? Será eco? Queria perfurá-lo para saber o que jorraria... Não sei, mas acordei assim, enjoada, talvez pela difícil travessia, através das ondas noturnas. Estava agitada, contudo silenciosa, como uma gata arisca e sem dono, farejando a vida sem me apegar... Teria eu sete vidas? Liguei o som, como faço todas as manhãs, quando eu levanto. Afinal, todo animal gosta de música, fel...