Tuesday, June 14, 2016

UM MATISSE NO FIM DE TARDE DE MAIO



Do que no peito é harpa
invade a casa toda agora

altas horas e o corpo não dorme
flutua entre a íris da noite
e o que não tem nome

se consome na melodia da aorta
não há portas
aportas sempre sem aviso
no que em mim é água e jorra

lua se desmanchando no calor da carne
lumiando a casa inteira

uma música francesa
porque a língua pede eros
cardíacos e etéreos

são os sons nessa hora
meu corpo sobreposto ao teu
tom sobre tom
sem desafinar os sussurros

química, física
quânticos caminhos ab surdos

o amor forra o outono
com nossas cores

um Matisse de um fim de tarde de maio.
.
(RaiBlue)

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