Amanheci noite ainda
uma preguiça de sol
a lua feiticeira
despiu-me pelas beiras
e fez-me inteira
cortesã para tua fome
quis que me consumisse
fruto sumo semente
e depois sumisse
deixando em meu copo
esse destilado de vento
impregnado de teu cheiro
uma liberdade alcoólica
de me prender aos sentidos
desejo é isso
um pássaro que pousa e parte
por toda parte faz ninho
no meu ventre ainda há moinhos
tua língua no interior da minha caverna
(lapidando a pedra bruta da palavra nua )
Pagã a nossa reza
um xamã evocando a selvagem natureza
o gozo uma bebida quente
No Santo Graal de tua língua
eu me derramo
e se der amo
por uma noite apenas
cadente estrela na escuridão da boca
.
(RaiBlue)
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