POEMARÉS

Lençóis Mais do que cama Corpo Açude de seiva Soro Metáforas camuflando a intenção Ponto crítico Cítrica provocação Quando tangencias Mas não tocas Sádica geometria do desejo Esse lamber de dedos Antes mesmo de comer À beira da libido Prazer e dor tocam violinos No meio da noite tudo é sonata... (RaiBlue)

Do escuro enxergava o não dito O mal dito se delatava na sombra que ampliava os sentidos Até o sol chegar de manhã e cegar a verdade Reluzindo ouro que abs_trai o delito Como tirar a venda desse dia de domingo E esquecer a noite sussurrando em escarlate Verbos rasgando um sonho antigo Num beijo de vampiro...? Frio o dia que corre em mim Meu coração bombeia o breu Injetando estrelas nos sentidos (indefinidos da viagem) A    T        R         A            V               E                ( R )                   S                     S    ...

  Descarto Descartes Descartesiano os planos da lógica Ao vento a vida exposta Fraturas Faturas Fissuras do destino Queda -livre Livre-arbítrio Dante e seus círculos internos infernos ex_ternos paraísos Quem verá por trás da máscara Minha Veneza afogada No fundo de um grito de um carnaval que trago como um vício...? ópio incendiário na veia-láctea Glóbulos de Órion estelando o escuro de  dentro Divino e obsceno palco das artérias... (RaiBlue)

A vida é crua como a carne exposta à boca da noite o escuro morde a  pouca claridade de um resto de lucidez em cada esquina acena um talvez em cada mão uma flor e uma foice do humano já nem sei só sei do bicho faminto as unhas do instinto arrancando o amor a qualquer custo é bruto quase pedra o músculo cardíaco das ruas e antes do infarto fulminante o gozo dilacerante da desordem como grito de guerra... (RaiBlue)