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Showing posts from January, 2011

Diálogos de vadiagens...

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A miragem está nas ruas Ventos sopram rubros cabelos Os ventres entoam cânticos e sátiros-exu anunciam minha chegada Esse amor-fantasia entrudo Disfarça tua face triste Colombina, baiana, Menina  (não de engenho) Dona Flor sem Vadinho Danadinha flor aberta em úmida cama Sacana me ama e engana meus lábios Mas se dana quando me vê, olho-esmeralda Sei lá o que perpassa tua alma Só sei que ela se agita se enrosca se acalma Quando a lua alta vem. mostrar (Sérgio Bezerra) E lá vem ele com seu ( tri) dente A rasgar-me a carne e a madrugada Serão meus rubros cabelos Seduzindo os ventos e acertando em cheio O seu coração altaneiro? Ou será escravo dos ventres que carregam o mar Seu habitat natural onde sempre quer morar? Ah, sátiros-exu ! Querem me enlouquecer! Trazem o homem que eu desejo E por uma noite sou Flor sua rainha Pra depois nenhum quebranto Tirá-lo do meu corpo e d'alma minha Será mesmo que esse amor-fantasia Disfarça minha tristeza e o meu segredo? Ou...
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Primeiro me comeu com os dedos Enquanto a boca me beijava Depois me comeu com a boca Enquanto os dedos eu chupava Canibal eu me provava Nos dedos dele Eu f(u)lu(d)ida E gozava ainda Sua boca se lambuzava toda Enquanto a minha salivava louca O seu leit(o)e de rio doce Que se acumulava... E de repente a explosão Da sua represa em meu vulcão A boca lambia a lava que se espraiava Na praia do meu corpo...arrebentação! (RaiBlue)

Nua(r) (de)dentro das palavras...

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O tutano de minhas palavras  Vem de tuas vértebras Coladas às minhas. Suor.Caldo quente de volúpia.  O osso. As bocas sugam o sumo. Supra. Sutra. Cítrico mantra de tua língua No dorso da pele nua da minha. O curso sem bússola do rio Sonoros ais cachoeira adentro. Ar dentro das águas Bolhas. Palavras transpiram caladas Na (es)calada do teu corpo. Norte ? Apenas noite. (RaiBlue)

Maré

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O feeling do mar nos olhos O sal dos corpos-navegantes [procissão dos nossos recomeços] O sol ainda escondido Na última noite Que paralisou o relógio [ a parede cedeu à arrebentação de azuis vertiginosos] O tempo contado Pelos múltiplos orgasmos De barcos náufragos [penínsulas emergindo dos lençóis de sal]     Cortejo de línguas perfumando o silêncio da pele                          E o arrepio é um gemido nativo da carne                       Como sair desse quarto [crescente] Se tudo lá fora é frio que fere? E eu faro em febre Só quero que teu cheiro Meu sexo queime Em néon a lua acende o infinito Sem margem em teu corpo vazo e encho... (RaiBlue)
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Por entre os fios dos meus cabelos bagunçados, teus olhos me devoram, numa vontade apertada, nesse instante miúdo e imenso...E o fogo que dilata tua pupila afaga e inflama as ondas que lançam  um corpo dentro do outro, como dois barcos remendando as pontas do mar... Quando  escalas as montanhas do meu corpo,  a terra se perde  de vista... e tudo vira canção...o pensamento  se perde entre as notas agudas da nossa respiração e tudo é um solfejo de luz , uma sinfonia que cala o impossível e extrai acordes secretos do silêncio que amordaçava nossas bocas...libertamos as palavras de suas máscaras ...e elas ,bacantes, dançam, gritam, gemem, gozam, roçando nossos corpos como quem conhece bem nossos segredos e os deslizes  dos sentimentos quando tocados pela surpresa do desejo indomável  de voar...E os corações, tambores ancestrais, se reconhecem como se já se soubessem amantes...como uma música que atravessa o tempo  e nunca dorme... O amor ...