Seu pássaro re_pousou em meu corpo num vôo rasteiro sobre o mar da pele. Depois, mergulhou nas cinzas de um carnaval que se fez fogueira e acendeu uma manhã azul no cantil
do coração, onde, aos goles, bebemos cada pulsação... E tudo tinha um gosto de rio correndo pro mar...
do coração, onde, aos goles, bebemos cada pulsação... E tudo tinha um gosto de rio correndo pro mar...
O silêncio cintilava em nossos olhos, a poesia rodopiava na voragem da mente e exalava o perfume do mistério desenhando esse laço que an_corava nossos navios no fundo da noite, porque éramos o escuro de uma verdade, que, inventada ou não, fazia nossos corpos dizer sim, partindo as correntes do medo.
E ele me perfumou toda, roçando sua carne na minha, e a alfazema transbordou sobre o lençol azul, extraindo todo o sumo do vermelho que nossas bocas sugavam de um instante regido pelos atabaques do terreiro de nossas almas...
E tudo se calou, as palavras foram tatuadas na pele, enquanto as línguas, indomáveis, lambiam os caminhos... Na saliva, todo o nosso diálogo em ondas...gozamamo-nos numa ternura que arranhava todas as certezas...Não havia promessas, mas tudo era tão exato que as reticências eram um delicioso percurso...
Não há nada a pronunciar, quando o carinho é a voz..., quando um horizonte lilás contorna toda a enseada de um sentimento que se faz som ... luz... e paz...
E as palavras molhadas, dis_sol_vidas nos vapores da pele, deixaram um rastro em minha casa, que ainda hoje transpira e exala o cheiro dele, um cheiro de mato-rio-mar, e me enchem de uma alegria selvagem...
Doce sal de horas azuliláses...
(RaiBlue)
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