POEMARÉS

No café, os olhos ainda dormem Enquanto os dedos procuram restos de sonhos E o perigo a espreita Numa dobra de papel Origami de palavras Pendurado no céu do pensamento [que ainda não acordou] O penhasco ainda ali O salto e o vento Voo adentro O dia passa E eu a um passo de ti Preparo meus navios Como quem conhece bem o mar Levo as ondas no corpo Hei de te alcançar Ilha perdida de mim E inaugurar-te em minhas terras Procl[amar-te] meu país!!! [Raiblue]

"O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar." (Carlos Drummond de Andrade) Quem sabe provar do seu beijo Somrisando minha saliva Bruma rosa da língua Lambuza teu cheiro Constante Textura do mar dos bacantes Cortejo de auroras Neste céu rubro flutuante Alinhar cabelos Livre luz de sol que reverbera Centelha na tez da tua face Hinário que nasceu assim Entre os dois rios dos teus olhos Cachoeira engolindo contornos Dissolvida nas águas A nudez lunar de minhas viagens Claras pelas bordas sobrancelhas Bordam a moldura do teu rosto Sírios, leves teus olhos ausentes Lampejos do átomo Atravessando luas de fogo Desaguando na íris da manhã Todo o vermelho carmim da tua boca Doce céu de romã Raiblue & Samuel Luciano Assunção agosto de 2009

Bebo de um gole só Drinks e dreams Tiro a poeira do sol Estendo a paisagem No meu quarto crescente Preparo a viagem Para depois do poente... Enquanto a lua enche Nossa cama, teia de tramas Karmas se multiplicam No sutra que tua boca inventa Ultra sons rompendo o poema Placenta derramando A poesia líquida O ritmo na saliva Imagens dançando na retina Fazendo cinema Na tela do pensamento Corpos em movimento Compondo uma canção Na bruta folha do tempo... Desenho outonos em tua pele Relva para me deitar Chão pintado de red Seiva e céu prometem Fatias de sonho no pão... Dias, dados e dedos Dedilhando manhãs Em segredo De uma nova estação... (Raiblue)