Thursday, February 21, 2008

Entre morangos e mofo



Arranquei amores mofados
De uma gaveta
No canto do coração
Chovi sangue
Era uma manhã vermelha
O mofo fazia parte da casa
Desordem que eu gostava
Era vida, ainda que dolorida
Havia um prazer inconsciente
Talvez um medo
De viver sob o sol...
Mas o cheiro
Já me asfixiava
Era hora de abrir
Janelas
E amanhecer azul....
Havia esquecido
Que havia um céu sob o mofo...
Resolvi no ar riscar estrelas
Quando ele atravessou as nuvens...
Convidei-o para uma tarde
De morangos com creme de leite
Não mofados, frescos...
Como aquela brisa
Que soprava o momento...
Uma tarde azul
Para o nosso amor ainda verde...
Quiçá inventem
‘Amor em conserva’
E os amores possam ser
Degustados
Por instantes prolongados
Longe das gavetas...
Morangos em calda...
Dissolvidos na saliva
Anti-mofo natural...

(Raiblue)

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