Teatro cotidiano


Nunca fui santa
Ando pelas raias da loucura
Não sou nenhum modelo feminino
Identifico-me com as mulheres do Modigliani
De traços imperfeitos e alma nua...
Da Monalisa talvez tenha o riso
Cheio de mistérios e de nuvens
Sou feita de azul
Céu profundo das telas do Magritte
Minha vida ,um encarte
Com cenas improvisadas, inventadas
Teatro cotidiano, monólogo
Sem título nem prólogo
Tudo em mim vaza
Não tenho margens
Sou peça inacabada
Entrelinhas , minha estrada...
Se quiserem um perfil de mim
Talvez uma tela do Dali
Possa revelar-me
Ali, do outro lado da realidade
Onde sempre estou
A me procurar
Em cada fragmento
Desse mosaico moderno
Retalhos colados
Do meu ser despedaçado
Sempre pronto
Para uma nova composição de mim...


(Raiblue)

Comments

Gustavo Adonias said…
Belíssima poesia Rai!

Somos todos atores deste imenso teatro da vida, ora artistas, ora somos a própria arte. Viver é um teatro de tragédias e comédias cotidianas. Somos telas sem fim, e pintamos com nossas próprias tintas, as cores e matizes são as que estão dentro de ti e de mim. Modiglianis, Magrittes, DaVincis e Dalis habitam a gente, somos os criadores da arte que há em toda parte!

Bjssss
Anonymous said…
Você é um arraso!!! Sua poesia tem carne, osso, cérebro, um pedaço, mais outro pedaço, mais outro e até o infinito e você aparece: mulher fêmea, mulher anjo, mulher poesia, mulher desejo, mulher tesão.
Difícil, muito difícil dizer o que sinto quando leio você.
Me entrego. Ignorante. Triste. Carregado de emoção.
Aquele que nem tudo que sente consegue traduzir em palavras.
Mas, empre tem um lugar comum para salvar aparências: "adorei seu trabalho". Horrível. Quero dizer mais, muito mais. Não consigo e me recolho, me escondo, fujo no silêncio de minhas próprias fantasias outonais.(76)
Unknown said…
Muito boa, gostei demais !!
bjs
AA

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