Como um rio, percorro paisagens diversas,dispersas entre silêncio e multidão.

Às vezes transbordo,e inundo meus amigos e amores ; outras,seco diante dos absurdos que vejo enquanto caminho,por um tempo deixo de existir fisicamente, porém minh'alma continua ligada à terra,permanece aí,submersa,até que a estação mude e eu possa, então, incorporar novamente.
Sou assim,alguém que ninguém entende,por buscar uma lógica que , em mim, não existe,pois sou cria do instante que surge repentinamente e se dilui inesperadamente, e somente o sentimento pode captá-lo .
A razão é o pior inimigo do instante, pois, quando se pensa demais, ele foge,por não caber na medida exata da caixa dos 'pré conceitos', ele é transbordante e invade todos os arredores de mim.

As palavras que me permeiam também não são pensadas ,mas apenas sentidas, e escorrem liquídas via olhos, boca e mãos,eternizando o instante, fora e dentro de mim.
Tentar deter as palavras é uma luta vã, porque ,quando surgem nas minhas esquinas,são verdadeiras cachoeiras que me enchem de prazer.Eu e as palavras, uma mistura dos sentidos; somos nuas,por isso nos tornamos invisíveis em alguns momentos,caminhamos nas entrelinhas nos períodos de seca, silenciosamente falamos,até que venha a próxima enchente e possamos nos derramar sobre a terra ,transbordando os sentimentos adormecidos nos áridos períodos.


Como um rio,eu e a palavra nos transformamos em mar,e o meu sertão se despede de mim,deixando somente o seu céu repleto de estrelas...

Em 30.04.06
Raiblue

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